Dia do servidor público, contagem regressiva para o seu fim.

27/10/2025 28/10/2025 07:53 74 visualizações

Reforma Administrativa: a instituição do caos.

 

O dia 28 de outubro é dedicado ao servidor público, profissionais tão importantes e estratégicos para a sociedade que, mereceram uma data comemorativa como um corpo de trabalhadores e não especificamente como uma categoria.

Lamentavelmente, mais uma vez as hostes que têm como alvo o servidor, os serviços públicos e a sociedade que deles se utilizam, editam uma nova PEC de reforma administrativa, que traz em seu bojo sucateamento ainda maior que sua antecessora, a PEC 32.

​Esse projeto, cujo texto foi gestado à revelia da sociedade, das entidades representativas dos servidores públicos e, pasmem, até mesmo da maioria dos parlamentares integrantes do Grupo de Trabalho criado na Câmara Federal para sua elaboração e discussão, foi protocolado na Câmara dos Deputados: é a PEC 38/2025.

Caso seja aprovado, o resultado será a destruição total do serviço público como o conhecemos, atingindo diretamente a população que depende depolíticas públicas, como saúde, educação, infraestrutura, segurança, etc. Serão atingidos os serviços públicos, e também os servidores ativos, aposentados e pensionistas.

 

Alguns dos malefícios dessa proposta de reforma administrativa:

Desqualificação dos poucos serviços públicos a serem colocados à disposição da sociedade. Os concursos públicos serão realizados para um período de 10 anos. Esses novos servidores se submeterão a regime de trabalho desvalorizado tanto no salário quanto no tempo de carreira, e seu salário inicial será, no máximo, 50% do valor do salário de um colega que já está no topo da carreira, onde ele jamais chegará. É certo que esse fato desestimula os profissionais qualificados, afetando significativamente o interesse dos mais capacitados em ingressar nas carreiras do serviço público. ​Com isso, esses servidores efetivos serão substituídos por essa modalidade de contratação temporária epor indicação política e, depois disso, cada vez menos temporários, pois abrir-se-á espaço para a contratação de PJ - Pessoas JurídicasPPP - Parcerias Público Privadasterceirizações, etc.

​Nessa nova estrutura administrativa, não há espaço para a estabilidade, pois a avaliação de desempenho, principalmente no estágio probatório, colocará em cheque a permanência do servidor efetivo em seu cargo. Isso permite grande influência dos agentes políticos nas decisões administrativas. A estabilidade, que hoje existe para proteger o serviço público de interesses políticos, estará com os dias contados.

​Este modelo de reforma proposto na PEC 38/2025 atingirá também os atuais servidores, que perderão direitos previstos em seus planos de carreira, sem progressões e promoções, pois essas dependerão de vagas e de metas que poderão ser inatingíveis. Terão reajuste de salário somente pela inflação, e sefor reposta, não será acompanhada de ganho real. Tão pouco será admitida a reestruturação nas tabelas salariais dos Planos de Carreira. O efeito final desse modelo é o congelamento salarial.

​Um dos argumentos dos defensores dessa “reforma” é que ela vai acabar com os privilégios salariais. Essa sentença não é verdadeira, pois a média salarial dos servidores públicos não pode ser considerada como supersalários, já que esses estão concentrados em cerca de 1% dos servidores e sua correção não requer uma reforma tão prejudicial.

Essa Reforma Administrativa prejudicará a livre concorrência e a eficiência do mercado ao aumentar o risco de patrimonialismo e favorecimento em detrimento do mérito. Isso ocorrerá devido à flexibilização das regras de contratação e à ampliação de vínculos precários (cargos comissionados e temporários).

Essa flexibilização enfraquece a administração pública pois ao atacar a estabilidade dos servidores, que são essenciais para garantir o tratamento técnico e impessoal às empresas, enfraquecerá todo serviço público, pois a estabilidade protege o serviço público e não a pessoa do servidor. Um administrador nomeado politicamente se torna mais suscetível a favorecer "amigos" ou doadores de campanha em licitações, fiscalizações e regulamentações, fazendo com que a livre concorrência desapareça em favor de relações de poder.

A alta rotatividade de pessoal também provoca a perda de memória técnica, resultando em insegurança jurídica para as empresas e possibilitando a fiscalização seletiva. Por fim, a deterioração do serviço público (como saúde) prevista na reforma levará ao aumento de custos para as empresas, que terão de suprir as necessidades dos seus funcionários.

 

Atenção, aposentados e pensionistas

Essa PEC, uma vez aprovada, não atingirá somente os atuais servidores ativos e os que virão, mas também os aposentados e pensionistas, principalmente em relação ao direito de paridade, sem contar que poderá haver a extinção do regime próprio de previdência, posto que a tendência natural nessa reforma é reduzir em muito o número de servidores ativos, seja pela exoneração por insuficiência ou por várias outras modalidades de contratação que não levarão a recolhimento previdenciário ao regime próprio de previdência.

​Nosso comportamento diante dessa reforma administrativa não pode ser negligente sobre o caos administrativo que se instalará, atingindo todos os cidadãos que se utilizam dos serviços públicos (escolas, saúde, segurança, infraestrutura, etc.). A precarização dominará ao ponto de esses serviços serem privatizados e, por consequência, teremos que pagar para obtê-los.

​Nossa missão como cidadãos é a de provocar os parlamentares federais para que não compactuem com esse ataque a essa instituição que pertence ao povo brasileiro. Você também é responsável por trabalhar para evitar esse caos, junte-se a essa luta. 

​Sindicato dos Auditores Fiscais da Receita Estadual – SINDIFISCAL

Pública Central do Servidor Tocantins

Pública Central do Servidor Região Norte do Brasil